Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Fim do Quarteto – Quatro Salas, Quatro Filmes...



"Numa altura em que o encerramento do Quarteto é certo, três gerações de realizadores falaram ao Correio da Manhã sobre a situação daquele que foi o primeiro multiplex em solo português. As opiniões, porém, dividem-se: se para Joaquim Leitão o que está a acontecer é inevitável, José Fonseca e Costa considera o facto lamentável e insolúvel, ao passo que Tiago Guedes apela a que se encontrem rapidamente formas de apoiar salas de cinema alternativo.'Vi, no Quarteto, algumas jóias do cinema mundial', diz o jovem realizador de ‘Coisa Ruim’. 'E de uma coisa tenho certeza: há cinema que é fundamental que seja feito e visto e que nunca terá retorno económico. Nesse contexto, o subsídio deve ser encarado', sublinha Tiago.Para Joaquim Leitão – que admite que nos últimos tempos já não frequentava o Quarteto – a situação em que se encontra aquela sala de cinema é sinal dos tempos. 'Averdade é esta: questões afectivas à parte, o cinema é um negócio e tem de ter determinada audiência, se não perde dinheiro. Eu não tenho problemas nenhuns em ir aos centros comerciais: é onde me oferecem maior oferta e onde tenho mais conforto.'José Fonseca e Costa, cuja história pessoal está intimamente ligada ao Quarteto (o seu ‘Kilas, o Mau da Fita’ estreou aí e esteve oito meses em exibição, com lotações esgotadas), acha que o encerramento é 'triste'. 'Já quase não vou ao cinema: em todo o lado, dão-me os mesmos filmes para ver, e são todos maus. Não vejo solução para isto.'

CÂMARA QUER SALVAR ESPAÇO

O Cinema Quarteto, situado numa rua paralela à Avenida Estados Unidos da América, estava encerrado desde Novembro do ano passado, porque, segundo a IGAC(Inspecção-Geral das Actividades Culturais), não oferecia segurança aos frequentadores. As obras de remodelação exigidas, porém, não podem ser pagas nem pelo proprietário, Pedro Bandeira Freire, nem pelo explorador, a Associação Cine-Cultural da Amadora, razão pela qual, na quarta-feira passada, o Quarteto foi fechado a cadeado. A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Rosália Vargas, apressou-se a comunicar que está a estudar a possibilidade de classificar o Quarteto como espaço de interesse cultural, evitando que se transforme em espaço comercial."

Ana Maria Ribeiro, Correio da Manhã, 24-3-2008

1 comentário:

Ana V. disse...

Não sabia! Deixa-me muita pena..
cumprimentos

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.