Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Colombiana Claúdia Castillo recebe transplante de traqueia revolucionário...


"Uma mulher colombiana de 30 anos tornou-se a primeira pessoa do mundo a receber o transplante de uma traqueia produzida em laboratório com células do seu próprio corpo.

O revolucionário procedimento, que é também o primeiro envolvendo a regeneração de um órgão em laboratório sem que o paciente precise de tomar imunossupressores, foi hoje descrito na edição electrónica do jornal médico britânico 'The Lancet'.
A notícia foi recebida com grande entusiasmo pela comunidade científica e médica, já que representa a demonstração das enormes potencialidades da engenharia de tecidos humanos.
A intervenção foi o resultado de um trabalho conjunto do Hospital Clínico de Barcelona, em Espanha, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, do Politécnico de Milão e da Universidad de Pádua, em Itália.
Para a concretizar, a equipa europeia utilizou uma traqueia de uma mulher de 51 anos, à qual foram removidas todas as células para evitar problemas de rejeição. A traqueia foi depois coberta em laboratório com células de cartilagem cultivadas a partir de células estaminais da própria paciente bem como com células epiteliais (responsáveis pelo revestimento externo dos órgãos) retiradas de uma parte saudável da sua traqueia. Finalmente, o novo órgão foi cortado à medida e usado para substituir o brônquio esquerdo da paciente, que liga a traqueia ao pulmão esquerdo.
Nascida na Colômbia mas a residir em Espanha, Claúdia Castillo foi diagnosticada em 2004 com uma tuberculose que a deixou incapaz de realizar simples tarefas domésticas, como cuidar das duas filhas. A doença provocou um colapso na traqueia, levando a uma obstrução junto ao brônquio esquerdo e impedindo o ar de chegar ao pulmão.
Antes do transplante, havia sido operada mas sem grande sucesso. A nova cirurgia permitiu-lhe salvar o pulmão esquerdo, algo que teria sido impossível sem esta intervenção.
Cinco meses depois do transplante, Castillo encontra-se, segundo os médicos que a estão a acompanhar, "de perfeita saúde". Recuperou alguma autonomia, conseguindo, por exemplo, caminhar meio quilómetro sem necessidade de parar. Além disso, não precisou até ao momento de receber quaisquer imunossupressores, já que o organismo identificou o novo órgão como não sendo estranho.
"A probabilidade de rejeição é praticamente nula. Ela está a desfrutar de uma bela vida, o que para nós, médicos, é o melhor dos presentes", afirmou Paolo Macchiarini, que liderou a equipa de cirurgiões do Hospital Clínico de Barcelona.
O especialista mostrou-se esperançado de que, no futuro, a produção de órgãos resultantes da combinação de biomateriais e células do próprio paciente possa oferecer soluções bem sucedidas para outros problemas clínicos graves.
Fábricas de órgãos
A intervenção veio demonstrar aquilo que há muito se anuncia: graças à engenharia de tecidos humanos, os transplantes, tal como os conhecemos hoje, têm os dias contados. O futuro está em fabricar em laboratório tecidos e órgãos à medida, usando células extraídas do próprio paciente, o que elimina o complexo problema da rejeição.

Algumas destas possibilidades são já uma realidade. Investigadores do Instituto Wake Forest, nos Estados Unidos, desenvolveram bexigas que estão a ser utilizadas em ensaios clínicos com humanos e estão já a aperfeiçoar outras 'peças' do organismo.

"Estamos a trabalhar com praticamente qualquer tecido e órgão do corpo humano, incluindo osso, músculo, nervo, tendão, vasos sanguíneos, cérebro, pâncreas, fígado e rim", contou ao Expresso Mark Van Dyke, investigador do instituto."
in Expresso online, 19-11-2008

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.