Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Jornal 'i': Entrevista a Pacheco Pereira pode ser publicada...

O historiador e membro do PSD proibiu publicação de uma entrevista ao jornal 'i', depois de ver declarações de Luís Filipe Menezes em manchete. Especialistas em jornalismo consideram que Pacheco Pereira não tem razão.




O militante do PSD, historiador, cronista e comentador televisivo Pacheco Pereira foi entrevistado por Maria João Avillez para o jornal i. Mas proibiu a sua publicação depois de ter visto a manchete de sábado, deste mesmo diário, em que foi destacada uma citação de Luís Filipe Menezes: "Pacheco Pereira é a loura do PSD."

Eis o que afirma o visado, no seu blogue Abrupto: "Embora muita gente que os leia não se aperceba das pequenas vinganças e desconsiderações. A capa do i de hoje [sábado] é um bom exemplo. Não me pronuncio, como é óbvio, sobre a 'entrevista' de Menezes que está ao seu nível e que não me surpreende. Mas surpreende-me que um jornal que se pretende sério escolha uma frase insultuosa para título, e isso é de sua responsabilidade." E acrescenta: "Sucede que, na quarta-feira passada, o i tinha-me pedido uma entrevista de fundo. Por consideração com a Maria João Avillez que ma pediu, dei a entrevista, estando presente uma equipa de televisão e um fotógrafo do jornal. Mas enganei-me quanto à seriedade do jornal a que dei a entrevista, pelo que, a não haver um pedido de desculpas pela afronta, não autorizo a sua publicação, facto que já comuniquei à Maria João Avillez."

Ora a proibição anunciada por Pacheco Pereira não tem qualquer tipo de obrigatoriedade, de acordo com os especialistas que o DN contactou. Caso o deseje, o i pode mesmo publicar a entrevista realizada por Maria João Avillez. "Que me lembre nunca se colocou uma situação destas", começou por dizer ao DN Alberto Arons de Carvalho, professor de Direito e Deontologia da Comunicação do curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Lisboa e deputado do PS. "Numa entrevista há sempre um acordo entre as duas partes, que combinam entre si onde é feita, em que moldes, etc. Depois compete ao jornal onde coloca a entrevista e se a puxa para manchete. Penso que o i tem o direito de publicar a entrevista, apesar de haver aqui também uma questão de direitos de autor, que é repartida entre o jornal e Pacheco Pereira. Mas é mais um direito moral", explicou Arons de Carvalho. E acrescentou ainda: "Contudo, este assunto tem contornos éticos. Luís Filipe Menezes queria mesmo achincalhar Pacheco Pereira. E este agora está a empolar a situação colocando o i como um jornal pouco aconselhável. Eu penso que o i cumpriu o que tinha a cumprir.".

Opinião similar tem o presidente do Conselho Deontológico dos Jornalistas. "Não acho que Pacheco Pereira possa fazer essa exigência, já que argumenta com uma questão colateral à própria entrevista que deu. Se o jornal quiser publicá-la tem todo o direito de o fazer", Orlando César.

Mário Bettencourt Resendes, provedor do Diário de Notícias, considera que a exigência de Pacheco Pereira não faz "qualquer sentido". E afirma: "A partir do momento em que dá a entrevista não tem o direito de proibir a sua publicação. Se o jornal tivesse uma posição crítica em relação a Pacheco Pereira já seria diferente. Não me parece que seja o caso."

O DN contactou, ao longo do dia de ontem, Martim Avillez Figueiredo, director do i, e Pacheco Pereira, mas sem sucesso até ao fecho da edição. Maria João Avillez não quis comentar a situação, tal como José Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

in DN online, 23-6-2009




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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.