Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Faz hoje 29 anos vi um primeiro-ministro do tamanho de 3 ou 4 palmos...

Foi um momento inesquecível, aquele que vivi na noite de 4 de Dezembro de 1980.
Tinha combinado com os meus sócios José e David, fazermos um serão depois do jantar para seleccionarmos os modelos para a colecção Primavera/Verão 1981 da nossa fabriqueta de confecções.
Antes de partir para este compromisso profissional, desloquei-me a um Café que frequentava, para aí fazer a habitual, daquela vez rápida, partida de bilhar com o meu amigo João Neves.
Tacada para cá, tacada para lá, o Café fica em silêncio a ouvir Raul Durão da RTP1 a comunicar ao país que o primeiro-ministro de Portugal, ministro da Defesa e outros acompanhantes, tinham falecido num acidente de aviação em Camarate. Ali a 2 km do local onde nos encontrávamos.
Eu e o meu amigo Neves, largámos imediatamente os tacos, e passados 5 minutos estávamos no Bairro das Fontainhas, junto ao Bairro de Angola, em Camarate (zona oeste/norte do aeroporto de Lisboa).
A polícia tentava fazer o habitual isolamento da área, mas...a multidão começava a engrossar. De repente alguém me tocou no ombro, como que a convidar-me para o acompanhar. Era o meu amigo Severiano Falcão (falecido em 2004), na altura presidente da Câmara Municipal de Loures.
Alguns metros á frente, eis-me diante daquilo que restava de alguns seres humanos.
Se fosse hoje, acho que não me atrevia a ser tão curioso.
A imagem que me acompanha há 29 anos, é demasiado pesada. Mesmo sendo de gente pela qual não nutria qualquer simpatia política.
Mas eram pessoas.

- Francisco Sá Carneiro -

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.