Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nestas duas horas diárias, o senhor juiz de Alenquer, para recuperar as finanças familiares, vai vender castanhas assadas em frente ao Tribunal?

«Juiz passa a ganhar menos... e decide trabalhar menos

Medidas de austeridade retiram-lhe 600 euros por mês da carteira, por isso decidiu passar a trabalhar menos quatro dias e meio por mês

É uma medida radical de contestação e já está a causar polémica. O juiz presidente do tribunal de Alenquer decidiu trabalhar menos, porque vai passar a ganhar menos.

Afonso Dinis Nunes fez as contas e percebeu que as medidas de austeridade lhe vão retirar 600 euros por mês da carteira. E se vai ter menos salário, vai apresentar menos trabalho.

O juiz decidiu trabalhar menos duas horas por dia, menos 44 horas por semana, menos quatro dias e meio por mês. Em suma, menos 46 dias de trabalho por ano.

«O signatário terá forçosamente de reduzir (de modo a possibilitar que o seu agregado familiar honre os compromissos financeiros anteriormente assumidos) o seu horário de trabalho (extraordinário e não remunerado) em cerca de duas horas diárias», pode ler-se nos despachos que enviou aos advogados.

O juiz explica que a redução do horário impede a marcação dos julgamentos nos prazos mínimos previstos na lei e já levou ao adiamento de várias audiências para meados de 2011. Ainda assim, garante que não se trata de uma vingança.

«A decisão não traduz qualquer represália, mas apenas um caso de necessidade imperiosa de redução do horário de trabalho por motivos financeiros», justifica no despacho.

Confrontado com estes despachos, o presidente da associação sindical dos juízes, António Martins, defende a posição do juiz de Alenquer.

«Nos momentos de crise, desde logo ética e também económica e social, os tribunais e os juízes ainda podem ser a última réstia de esperança para os cidadãos atropelados pelo estado nos seus direitos», afirma António Martins.

Entretanto, o Conselho Superior de Magistratura determinou esta quinta-feira a recolha de elementos sobre o caso e a audição do juiz Afonso Dinis Nunes para uma eventual acção disciplinar.»


in IOL Diário, 11-11-2010


Notas do Zorate:
«O signatário terá forçosamente de reduzir (de modo a possibilitar que o seu agregado familiar honre os compromissos financeiros anteriormente assumidos) o seu horário de trabalho (extraordinário e não remunerado) em cerca de duas horas diárias».
Nestas duas horas diárias, o senhor juiz, para recuperar as finanças familiares, vai pegar num triciclo e vamos vê-lo a vender castanhas assadas em frente ao Tribunal de Alenquer?
Faltará muito para o POVO meter esta gente na ordem?

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.