Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Negócios submersos de Duarte Lima


«O ex-deputado social-democrata Domingos Duarte Lima recebeu, em 2002, um milhão de euros do contra-almirante Rogério d’Oliveira, um dos implicados na investigação das autoridades alemãs à compra de dois submarinos pelo Governo português – soube o SOL de fonte judicial.





A descoberta foi feita pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e resultou do cruzamento de dados de três processos: Operação Furacão, Rosalina Ribeiro e Monte Branco.

Foi já aberto um novo inquérito-crime no âmbito do qual, esta semana, Duarte Lima e o contra-almirante foram constituídos arguidos, por existirem fortes indícios de crimes de branqueamento de capitais, tráfico de influências e fraude fiscal (uma vez que o advogado nunca declarou ao Fisco aquele montante). Ambos foram inquiridos no DCIAP, esta quarta e quinta-feira.

O milhão de euros foi transferido – segundo a mesma fonte – para a conta de Duarte Lima no UBS, criada em 1999. O dinheiro era proveniente de contas em paraísos fiscais, em nome de Rogério d’Oliveira, que foram descobertas pelo DCIAP durante a investigação da Operação Furacão.

Monte Branco permitiu completar o rasto do dinheiro

Foram, no entanto, as investigações do caso Monte Branco – onde Duarte Lima foi identificado como um dos principais clientes das duas maiores redes de branqueamento e fraude fiscal conhecidas em Portugal – que permitiram ao DCIAP chegar a esta nova descoberta.

Recorde-se que a operação Monte Branco, liderada pelo procurador Rosário Teixeira e pela Inspecção Tributária, levou ao desmantelamento de duas redes: uma liderada pelo suíço Michel Canals e outra por Ricardo Castro. Ambos são ex-funcionários do UBS (Union de Banques Suisses), sendo que o português foi director da filial do banco em Lisboa, até esta ter encerrado, em 2008.

No ano seguinte, o suíço Michel Canals criou a Akoya Management Asset, empresa que agenciava clientes para bancos helvéticos e actuava como seus testas-de-ferro, criando sociedades offshore nas quais era colocado o dinheiro, em manobras de fuga ao Fisco e branqueamento de capitais. Castro teve de prestar uma caução e Canals está preso preventivamente, desde Maio, bem como Francisco Canas, o intermediário português (mais conhecido por ‘Zé Medalhas’).

Aliás, segundo admitiu Duarte Lima à equipa de investigação, foi Ricardo_Castro quem lhe abriu, em 1999, a conta no UBS em Portugal – que passou a ser gerida na Suíça por Michel Canals. Este, recorde-se, era também gestor de conta de Rosalina Ribeiro – ex-companheira de Lúcio Tomé Feteira que acabaria por ser assassinada dez anos depois. Os cinco milhões e meio de euros que as autoridades brasileiras sustentam ser o móbil da sua morte, que imputam a Duarte Lima, foram parar a esta conta do advogado.

Foi também nessa conta de Lima no UBS que, quase em simultâneo, entrou também o dinheiro do contra-almirante Rogério d’Oliveira.

Como tinham informação recolhida na Operação Furacão, os investigadores descobriram que o dinheiro era proveniente de uma offshore criada em nome do contra-almirante por um dos bancos investigados nesse processo.»




por Felícia Cabrita in SOL online, 22-6-2012

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.