Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

domingo, 5 de janeiro de 2014

Morreu Nelson Ned, "o pequeno gigante da canção"



O cantor brasileiro Nelson Ned, de 66 anos, intérprete de êxitos como "Tudo Passará" ou "Domingo à tarde", faleceu, este domingo, de manhã num hospital em S. Paulo, anunciou a imprensa local.

Segundo o jornal Globo, o cantor morreu no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo, onde estava internado desde sábado com pneumonia, vítima de um "choque séptico, sepse, broncopneumonia e acidente vascular cerebral".

Em 2003 o cantor sofreu um acidente vascular cerebral e desde então tinha problemas de locomoção e cognitivos, estando afastado dos palcos há cerca de sete anos.







O "pequeno gigante da canção" como a ele se referiu o ator Paulo Gracindo, epíteto que passou a ser usado pela imprensa pelo facto de medir 1,12 metros, gravou 32 discos em português e espanhol, dos quais vendeu 45 milhões de cópias em todo o mundo, tendo atuado com êxito não só no Brasil como em vários países da América Latina, nomeadamente no México, e também em Portugal, Espanha, Angola e Moçambique.

O intérprete de "Domingo à tarde" esgotou por três vezes o Carnegie Hall, em Nova Iorque. Nelson Ned foi o primeiro latino-americano a vender um milhão de discos nos Estados Unidos, onde atuou no Madison Square Garden, na mesma cidade ao lado de Julio Iglesias e Tony Benett.







A partir da década de 1990 converteu-se à Igreja Evangélica e, desde então, gravou músicas gospel e outras de cariz religioso.

Sobre o cantor, o jornalista Paulo César de Araújo afirmou que era "muito astuto", tinha "raciocínio rápido e visão crítica e lúcida com relação ao contexto da música".

"No Brasil, Nelson Ned sempre fez muito sucesso entre as camadas mais populares, mas não há dúvidas de que seu reconhecimento e prestígio foram muito maiores no estrangeiro".

Segundo o jornalista, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prémio Nobel da Literatura, era um dos seus admiradores.

Fora do Brasil, realçou o jornalista, "Nelson Ned conquistava tanto o povão como as elites culturais", referindo-o como um "valor cultural imenso" e "um dos principais artistas" da música brasileira.

Nelson Ned nascceu em 1947 em Ubá, no Estado de Minas Gerais, e aos 17 foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou numa fábrica de chocolates. Posteriormente, ainda menor, começou a cantar em clubes noturnos paulistas e cariocas, destes palcos saltou para a televisão através do popular programa do Chacrinha, que ele considera o "pai de sua carreira artística", e foi na televisão que conquistou espaço e sucesso com "Tudo passará". Uma história que conta na sua biografia "O pequeno gigante da canção", editada em 1996.

Do repertório, eminentemente romântico, do cantor, constam, entre outras canções, "Receba as flores que lhe dou", "Eu também sou sentimental", "Se as flores pudessem falar", "Ninguém, te irá amar mais do que eu", "El niño triste", "Daria tudo para você estar aqui", "O Deus do impossível", entre outras.

O funeral do cantor, segundo o jornal Globo, realiza-se hoje para o cemitério Horto da Paz, em Itapererica da Serra, onde se efetua a cerimónia de cremação.

Nelson Ned foi casado duas vezes, e teve três filhos do segundo matrimónio.



Fonte: JN online, 05-01-2014

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.